Meu segundo filho, Lucas, nasceu no dia 6 de novembro de 2013 de um parto “normal” (vamos falar sobre isso outro dia) na Maternidade Missão em São Pedro da Aldeia Rj, com três dias de vida já estava internado no CTI devido aos inúmeros episódios de diarreia com sangue, refluxo. Questionei isso com o pediatra da maternidade, mas o mesmo disse que ele estava bem (como se algum bebê bem de saúde fosse internado no CTI). Era óbvio que ele não estava bem, evacuava mais de dez vezes, tinha muita cólica, chorava muito e tinha o que chamava de vômito porque era em grande quantidade. Não demorou muito para as assaduras ficarem assustadoras devido ao grande número de evacuações, seu ânus ficou em carne viva e em pleno verão carioca, com vômito e diarreia, Lucas ainda hospitalizado, agora com desidratação grave. Logo surgiram as manchas vermelhas pelo corpo, que o pediatra insistia em ser “brotoejas”. Nem no hospital nem no consultório, nenhum médico realmente me ouvia, eu era sempre a mãe “exagerada”, “inexperiente” e meu filho estava com uma “virose”. Nenhum exame foi solicitado, nenhum remédio prescrito. Naquela semana Lucas passou a evacuar vinte e cinco vezes por dia, eu já não aguentava mais ver meu bebê que ainda não tinha um mês de vida passar tão mal, pesquisei sobre vomito e diarreia em bebês na internet e li algo sobre alergia ao leite de vaca, voltei a procurar o médico e nada…novamente era “exagero” meu. Parei de comer leite e derivados por “minha conta” e notei que as cólicas diminuíram e Lucas passou a dormir melhor. O pediatra novamente não viu conexão.
O meu obstetra sugeriu que eu voltasse para o Rio de Janeiro e buscasse médicos mais capacitados. Assim eu fiz!
Ao chegar no Rio de Janeiro, busquei uma alergista que me ouviu, me deu atenção e se propôs a investigar o caso do Lucas. Solicitou exames e me explicou que mesmo que os exames acusassem negativo, isso não excluía a possibilidade de alergia.
foram feitos vários exames: hemograma, urina e fezes parasitológicos, que acusaram que meu pequeno Lucas estava com Giardia (foi comprovado mais tarde que a contaminação ocorreu na maternidade).
A Giardia lamblia é um protozoário que parasita os intestinos dos seres humanos, causando diarreia e dor abdominal. A doença causada pela Giardia lamblia recebe o nome de giardíase ou giardiose, e sua transmissão se dá pelo contato com fezes de pessoas contaminadas.
Voltei a maternidade e ficou comprovado que todas as crianças que nasceram no mesmo dia que meu filho também estavam com Giardia. Uma contaminação em massa dentro de uma maternidade particular!! A única maternidade que atendia três cidades pequenas.
Eu fiquei mais tranquila achando que assim que Lucas fosse medicado e a giardia morresse, tudo ficaria bem, e a vida seguiria normalmente…Lucas foi piorando, piorando e voltou para o CTI. Meu filho passou seus primeiros 38 dias de vida no CTI. No hospital, o médico disse que Lucas estava muito desidratado, com abdome distendido, severa diarreia e assaduras graves que poderiam ser causadas pela giardíase, mas o vômito, as manchas vermelhas pelo corpo remetiam a reação alérgica e não sabiam o que fazer com meu bebê e que ele estava tão debilitado que teria poucas chances de sobreviver. Foi quando ouvi pela primeira vez : “Mãe, é melhor você se despedir, dificilmente ele sobreviverá.” Mas meu guerreiro não desistiu e se recuperou!
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Você pode assistir a entrevista que conta sobre cada detalhe da nossa jornada com a alergia alimentar nesse link
https://youtu.be/LNJeA0DEmXA?si=SGmC92IXZDXxfrSK