Entendendo a Alergia Alimentar
por Ketrin Brum
Introdução
Vamos falar sobre a alergia alimentar e esse é um assunto longo que eu vou dividir em partes, então fiquem ligadas aqui no blog.
Prevalência no Brasil
No Brasil, 1 em cada 20 bebês nasce com AA (alergia alimentar), o que a torna muito mais comum do que se imagina.
O que é AA (alergia alimentar)
AA é a resposta imunológica exagerada do corpo ao entrar em contato com um antígeno, ou seja, é a reação do corpo quando encontra um agente agressor, que nesse caso é um alimento, e o sistema imunológico acaba atacando o agente agressor e o próprio corpo, gerando as reações mais graves. Portanto, a AA é classificada como uma doença autoimune. Essa reação acontece pela predisposição genética ou pelo fator gatilho.
Fator genético
A genética é um facilitador, se existir um alérgico na família, isso aumenta em 50% as chances de nascer outro alérgico, mas isso acontece com todos os fatores hereditários, seja cor de cabelo, cor dos olhos ou doenças.
Fator gatilho e a “mamadeira fatal”
Outro fator é o que chamamos de gatilho, ou seja, uma exposição ao alergênico enquanto o organismo da criança ainda está imaturo, é o principal causador de alergias alimentares. O principal fator gatilho é a conhecida “mamadeira fatal”, basta uma mamadeira para acontecer o desencadeamento da resposta alérgica e essas mamadeiras são administradas na maioria das vezes sem o conhecimento das mães no momento em que os bebês são levados para serem higienizados logo após o parto.
Cesárea e oferta de complemento
O parto cesáreo também é um grande responsável pela propagação dessas “mamadeiras fatais” na maternidade, visto que, efeito da anestesia, pode atrasar a descida do leite materno em até 48h, as enfermeiras são orientadas a dar o complemento para os bebês, então estamos falando de até 18 mamadeiras.
Imaturidade do recém-nascido
O fato é que o ser humano é o único mamífero que nasce prematuro, mesmo quando nasce de 40 semanas como o esperado. Todos os outros mamíferos nascem com seus órgãos completamente formados, prontos para andar, nadar ou se alimentar, e nós humanos terminamos de ser formados após o nascimento. Então os órgãos ainda estão imaturos, principalmente os que se referem à digestão. A microbiótica intestinal ainda não está completa e somos incapazes de lidar com certas proteínas como, por exemplo, a do leite de vaca, sendo assim quando a criança recebe o complemento na maternidade o sistema imunológico é ativado e o gatilho é acionado, inicia ai o processo de resposta imunológica que desencadeará a alergia alimentar que só mostrar seus sintomas nas exposições seguintes que pode acontecer quando crianças recebem em casa mamadeiras de complemento, tipo NAN /ENFAMIL e/ou APTAMIL, ou quando a mamãe , no período de amamentação, se alimenta de leite ou derivados e outros alimentos que a criança não tem capacidade para ter contato, e como o gatilho já foi ativado desencadeia as reações.
Outros fatores em discussão
Outros fatores ainda são discutidos como possíveis causadores da alergia alimentar:
- Parto cesário: por privar a criança de entrar em contato com algumas bactérias no canal vaginal que agem ativando o sistema imunológico e aumentando as defesas da criança, agindo como uma primeira vacinação natural. Por ser geralmente um parto programado e retirar a criança do útero antes que ela esteja naturalmente pronta, e fato já citado da mãe anestesiada não amamentar.
- Ambiente excessivamente limpo: o que também ocorre nos partos cesáreos, onde a criança não entra em contato com pequenos vírus e bactérias que ativam suas defesas, tornando-se assim uma criança “frágil” e sistema imunológico ineficiente. Existe baixa incidência de alergias alimentares no meio rural, onde crianças têm contato com a natureza, correm “de pé no chão” e têm contato com os animais.
- Fatores ambientais que causem inflamação intestinal, como a contaminação por Giárdia e outras paralisias intestinais.
- Uso indiscriminado de antibióticos que danificam a flora intestinal, acidifica o organismo e geram disbiose intestinal.
- Uso indiscriminado de antiácidos, que os pediatras prescrevem ao primeiro sinal de golfo, refluxo ou vômito. Esses medicamentos impedem a digestão dos alimentos (mesmo que seja o leite materno) anula a acidez necessária nem o duodeno nem o pâncreas completam seu ciclo de secreção de enzimas, principalmente Tripsinogênio, e assim não digerem proteínas que chegarão inteiras as placas do Payer, íleo terminal aumentando as chances de Alergia Alimentar Múltipla (AAM).
- Introdução alimentar mal orientada, em que são apresentados à criança sem sinais de prontidão completos, os alimentos que elevam a acidez e são de difícil digestão.
Principais alimentos alergênicos
Os oitos alimentos mais causadores de alergias são: leite de vaca, soja, ovo, trigo, peixe, frutos do mar, amendoim e castanhas (oleaginosas em geral).
Diagnóstico tardio e sintomas
É comum a criança receber diagnóstico tardio e por isso sofra bastante antes de ser tratada ou até tenha os problemas agravados pela demora. Existe uma longa lista de sintomas da alergia alimentar o que dificultam seu diagnostico principalmente pelo pediatra, os sintomas são:
Urticária (placas vermelhas disseminadas, geralmente com coceira associada),
Angioedema (inchaço dos lábios e dos olhos);
Vômitos em jato e/ou diarreia após a ingestão do leite;
Vômitos em jato e/ou diarreia tardio
Anafilaxia
Choque anafilático
Chiado no peito e respiração difícil.
Diarreias com ou sem muco e sangue;
Cólicas e irritabilidade;
Intestino preso;
Baixo ganho de peso e crescimento
Inflamação do intestino
Assadura e/ou fissura perianal
Dermatite a tópica moderada a grave (descamação e ressecamento da pele, com ou sem formação de feridas).
Asma
Refluxo
Inflamação do esôfago (esofagite eosinofilia)
Relações com problemas neurológicos
Alguns problemas neurológicos estão relacionados a alergia alimentar, entre eles estão: autismo, hiperatividade, dislexia.
Exames laboratoriais
Certos exames laboratoriais podem ser feitos para ajudar a diagnosticar a alergia alimentar, IgE específica para cada alimento, IgE total, IgA, IgG, exame de sangue oculto nas fezes, exame de gordura oculta nas fezes, picket test e o teste de provocação oral.
Alergia mediada vs. não mediada
Quanto à acusa alergia nos testes de IgE, IgG, IgA, chamamos de alergia mediada e quando não acusa, chamamos de alergia não mediada. Por si só, os exames não são conclusivos para fechar o diagnóstico correto, é comum resultados falsos positivos / falsos negativos, portanto muitas vezes os exames são desnecessários, o melhor termômetro é a observação.
Tratamento e próximos passos
Não existe um remédio para alergia alimentar e o tratamento tradicional, que muitos meses retira o aleitamento materno e introduz fórmulas artificiais, em minha opinião, não faz nada além de uma “manutenção da alergia”. Esse é o assunto longo, é muito importante que falaremos na próxima postagem, ainda essa semana, fique de olho!
Beijos da Nutri : Ketrin Brum